Queda na vazão do Lago de Sobradinho já preocupa

Mais um ano de sufoco se anuncia no Lago de Sobradinho, na Bahia. A expectativa é que o maior reservatório do Nordeste fique com 3,9% do seu volume útil no fim de novembro, quando termina o período seco na região. No fim do ano passado, o açude ficou com menos de 2% do seu volume útil, o mais baixo desde que foi implantado, na década de 70. O reservatório é usado por empresas e produtores do Vale do Rio São Francisco, um dos principais polos de fruticultura irrigada do Brasil.
O percentual de 3,9% foi obtido numa simulação efetuada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Não há previsão de que ocorram chuvas significativas até novembro naquela área, de acordo com informações da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), que analisa o histórico de precipitações na região pelo menos desde a década de 70.
Depois de Sobradinho, as águas do São Francisco são captadas em 12 pontos para abastecer pelo menos 37 cidades pernambucanas.
No ano passado, a redução da vazão de Sobradinho trouxe mais despesas para a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), que teve de fazer captações emergenciais. Estudos feitos pela empresa mostram que se for mantida a atual vazão de 800 metros cúbicos por segundo, vai ocorrer uma baixa de mais 15 centímetros nos locais de captação da água pela Compesa.
A boa notícia é que pelo menos não há risco de racionamento de energia, por causa da pouca água no reservatório, ao contrário do que ocorreu em 2001, quando o volume útil ficou em cerca de 5%. Agora, o que faz a diferença é a entrada de vários parques eólicos que começaram a produzir energia no Nordeste, o aumento da produção das térmicas e a implantação de linhas de transmissão que possibilitam a importação de energia das regiões vizinhas, como o Norte e Sudeste.
A pouca água do reservatório também traz prejuízos à Chesf, que está gerando, em média, 173 megawatts (MW) médios para poupar a água do reservatório. A hidrelétrica de Sobradinho pode gerar 1.050 MW em condições normais de geração, quando há água suficiente.
A diminuição da energia produzida na hidrelétrica vem ocorrendo desde 2013 para poupar energia para outros fins, como o abastecimento humano e a irrigação.
No começo desta semana, Sobradinho estava com 22% do seu volume útil. Na última quinta-feira, esse percentual era de 21,71%. Isso representa 58% de toda a água do São Francisco que pode ser usada na geração de energia.
E o que é mais grave: tem técnico do setor elétrico, que prefere não se identificar, dizendo que essa situação não se normaliza pelo menos até 2019. “A briga pelo múltiplo uso das água do São Francisco é algo que veio para ficar. A recuperação total do reservatório só vai ocorrer se vier uma chuva muito boa no período úmido”, comenta. Isso não vem ocorrendo desde 2012.
A atual crise hídrica na região do São Francisco é a pior desde 2001. A atual situação também reacende a discussão em torno da redução da vazão do reservatório, que seria ambientalmente correta com a liberação de 1,3 mil metros cúbicos por segundo. (Fonte: Fonte: JC/Edenevaldo Alves)

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Feito por: Bruno Alexandre Web -